quarta-feira, 11 de dezembro de 2019

Évora - II


     


     Évora é uma cidade onde o moderno e o medieval se confundem, uma cidade com cores neutras entre o branco, cinza e gelo, com detalhes em amarelo e um pouco de azul. Rodeada por muros medievais dando um charme todo especial ao local.
     É uma cidade histórica no coração do Alentejo, fundada pelo povo romano, hoje tem aproximadamente 50 mil habitantes. Cercada de muralhas, com algumas portas de entrada. O patrimônio histórico e artístico que hoje se preserva na cidade resultou, em boa medida, dessa longa permanência da monarquia portuguesa. O centro histórico de Évora é considerado Patrimônio Cultural da Humanidade pela UNESCO desde 1986. A cidade é muito charmosa, com prédios brancos, flores nas janelas, grades com sacadas, ruas estreitas.
Dentro das muralhas você encontrará ruas medievais, exuberantes palácios, mosteiros e igrejas, alguns pontos turísticos nos levam a viajar no tempo. O Templo Romano, muitos conhecem como de Diana, foi construído na acrópole da cidade, uma relíquia do estilo coríntio, exemplo único no país, um legado Romano na Península Ibérica do séc. I é como regressar ao passado e idealizar épocas que ficaram para trás.
     Considerada uma cidade universitária, vimos jovens desfilando pelas ruas com seu lindo uniforme preto com capa preta, quase um Harry Potter.
     A Sé Catedral, a Universidade de Évora, fundada em 1559, aqueduto da água de prata, Igreja de São Francisco e a Capela dos Ossos entre tantos outros pontos que devem ser visitados.
     A experiência mais sinistra que presenciei é uma das maiores atrações turísticas em Évora, a Capela dos Ossos, que faz parte da famosa Igreja de São Francisco  na praça 1º de Maio, construída no século XVII, decorada com ossos retirados de um antigo cemitério. O objetivo é mostrar aos visitantes a transitoriedade da vida, reforçada por uma mensagem já na entrada. “NÓS OSSOS QUE AQUI ESTAMOS PELOS VOSSOS ESPERAMOS”, parece meio lúgubre a mensagem, porém mais verdadeira impossível, não é mesmo? É um local completamente diferente, calcula-se que tenha mais de 5000 ossos (caveiras, vértebras, fêmures), dispostas em paredes, teto, colunas e mesmo em seu exterior. Há ainda dois esqueletos inteiros pendurados por correntes em uma das paredes, sendo um deles de uma criança. Enquanto percorremos o local ainda é possível ler poemas escritos pelo Padre Antonio da Ascensão Teles, que nos fazem refletir sobre caveiras e sobre a existência. É uma experiência de outro mundo, obrigatória para quem visita esta cidade. É um momento de reflexão, logo substituído pelos encantamentos dos lindos presépios do mundo todo que estavam em exposição
     Para não ficar em muitas delongas e assim espairecer, nada como um bom vinho! Afinal, vinho não foi feito para ser analisado e sim para ser compreendido. Évora é referência do vinho alentejano. Visitamos a Fundação Eugênio Almeida, produtor dos vinhos Cartuxa e Pêra Manca. O local que hoje se encontra a vinícola era um convento jesuíta do sec. XVI e está em poder da família desde o séc. XIX. É preciso reservar para poder realizar a visita neste local, pegamos o período da vindima (setembro). Os vinhedos são belíssimos e pudemos ver muitas oliveiras com frutos.
     Já saindo da cidade, pegando a estrada, nos arredores de Évora avistamos as árvores de Sobreiro, que são da família do carvalho. Ao abrir uma garrafa de vinho, nem imaginamos o longo caminho percorrido pela rolha de cortiça, que vem da casca do Sobreiro.
     Veja que curioso, desde que é plantada, o Sobreiro demora cerca de 25 anos para que sua casca atinja a espessura ideal para a produção de rolhas. Após a primeira extração de sua casca, a cortiça só atinge novamente a espessura propícia a cada 9 anos. A importância ecológica dessa árvore também é surpreendente. Ela fornece cortiça, um produto renovável e a extração não agride a natureza, proporciona também a regulação hidrológica, a proteção do solo, a conservação da biodiversidade das áreas onde é cultivada e retira o carbono da atmosfera (cerca de 14,7t de CO2 por ano). Ou seja, uma árvore perfeita para nós, amantes do vinho. Vida longa aos Sobreiros!!

Como prometi, sempre vou deixar o nome do hotel que nos hospedamos, “Casa do Vale Hotel” um local simples, com café da manhã muito bom, na beira da estrada, próximo a cidade, não dá para fazer deslocamento a pé, necessita de carro. Restaurante na cidade, maravilhoso: VINHO E NOZ
 Ruínas do Templo Romano
 Vinícola Cartuxa

 Catedral dos Ossos

 Igreja de São Francisco
Árvore de Sobreiro

Nenhum comentário:

Postar um comentário