domingo, 22 de dezembro de 2019

Aveiro IV




Aveiro uma simpática, charmosa, e convidativa cidade que se localiza em uma ria, que é uma entrada costeira formada pela submersão parcial de um vale de rio, conhecida carinhosamente como “Veneza portuguesa”.
Para conhecer a cidade é melhor se locomover a pé então, é preciso deixar o carro estacionado. Pode deixar na rua, que é muito sossegado ou então em estacionamentos cobertos, ambos pagos.
Aveiro sempre esteve ligada ao comércio do mar, à pesca e a produção de sal, tornando-se uma cidade rica no século XV, porém a prosperidade foi interrompida em 1575, quando uma forte tempestade obstou a ligação da cidade com o mar, criando uma lagoa salubre no local, impossibilitando o acesso para os barcos. Até mesmo a população entrou em declínio e muitas doenças surgiram em decorrência da água parada.
Séculos depois foi possível a reabertura da ligação de Aveiro com o mar, porém a prosperidade da cidade nunca mais foi à mesma. Hoje é uma pequena e pacata cidade com menos de 100 mil habitantes, o turismo movimenta a economia local recebendo milhares de pessoas que desejam conhecer sua gastronomia, sua arquitetura e a ria que corta a cidade, por onde navegam os moliceiros, barcos típicos que no passado carregavam o moliço (espécie de alga utilizada como adubo na agricultura).
O passeio de moliceiro é apenas contemplativo, eles lembram as gôndolas de Veneza, são maiores e motorizados, percorrem os canais da ria. O passeio dura em média 45 minutos, é possível ver a arquitetura das casas, coloridas, bonitos exemplares das construções art nouveau do início do século XX, chegando até as salinas.
Aveiro também é sinônimo de uma das maiores delícias da doçaria convenial portuguesa. Foram criados em seus conventos os famosos ovos moles, um creme aveludado de gemas e açúcar. Este poderá ser o “grand finale” antes de deixar a cidade!
Próxima parada: Porto










sexta-feira, 20 de dezembro de 2019

Fátima III




Depois de percorrer alguns quilômetros e muitos pedágios, chegamos à cidade de Fátima. Nossa Senhora de Fátima é a padroeira de Portugal, uma das figuras mais simbólicas da religião católica, pois foi ela que apareceu em 1917 aos três pastorinhos. Este local é um dos maiores lugares de peregrinação católica da Europa, com uma média de 6 milhões de visitas anualmente.
Havia no momento da nossa chegada, poucos romeiros, peregrinos, dando a impressão exata da grandiosidade do local. A nossa chegada foi pelo lado da Capelinha das Aparições, um espaço construído em homenagem à Virgem Maria e recebe visitas o ano todo. As pessoas fazem orações, promessas, bem como participam das missas que são celebradas em vários horários do dia, ao lado há um local dedicado a queima de velas, olhando a esquerda é possível ver a Basílica da Nossa Senhora de Fátima e a nossa direita a Basílica da Santíssima Trindade.
Ao iniciar a caminhada pelo local já é possível perceber a energia boa que envolve o local.
A Basílica da Santíssima Trindade foi inaugurada em 2007, em parte substituiu a Basílica de Nossa Senhora de Fátima por não dar conta de receber tantos fieis.
Construída em 1953 a Basílica de Nossa Senhora de Fátima, me surpreendeu por não ter todo aquele luxo das igrejas que visitei anteriormente, sua simplicidade demonstra a importância do local, é simplesmente belíssima. Neste local estão enterrados os três pastorinhos, Lúcia, Francisco e Jacinta e é possível assistir as missas que são rezadas ao longo do dia e em diversos idiomas.
O sino da Basílica tocou pontualmente ao meio dia, com 12 badaladas firmes e após estas badaladas se transformaram em uma música.
A visita vale a pena pela arquitetura, pela energia e pela história. Um local eminentemente de orações







quarta-feira, 11 de dezembro de 2019

Évora - II


     


     Évora é uma cidade onde o moderno e o medieval se confundem, uma cidade com cores neutras entre o branco, cinza e gelo, com detalhes em amarelo e um pouco de azul. Rodeada por muros medievais dando um charme todo especial ao local.
     É uma cidade histórica no coração do Alentejo, fundada pelo povo romano, hoje tem aproximadamente 50 mil habitantes. Cercada de muralhas, com algumas portas de entrada. O patrimônio histórico e artístico que hoje se preserva na cidade resultou, em boa medida, dessa longa permanência da monarquia portuguesa. O centro histórico de Évora é considerado Patrimônio Cultural da Humanidade pela UNESCO desde 1986. A cidade é muito charmosa, com prédios brancos, flores nas janelas, grades com sacadas, ruas estreitas.
Dentro das muralhas você encontrará ruas medievais, exuberantes palácios, mosteiros e igrejas, alguns pontos turísticos nos levam a viajar no tempo. O Templo Romano, muitos conhecem como de Diana, foi construído na acrópole da cidade, uma relíquia do estilo coríntio, exemplo único no país, um legado Romano na Península Ibérica do séc. I é como regressar ao passado e idealizar épocas que ficaram para trás.
     Considerada uma cidade universitária, vimos jovens desfilando pelas ruas com seu lindo uniforme preto com capa preta, quase um Harry Potter.
     A Sé Catedral, a Universidade de Évora, fundada em 1559, aqueduto da água de prata, Igreja de São Francisco e a Capela dos Ossos entre tantos outros pontos que devem ser visitados.
     A experiência mais sinistra que presenciei é uma das maiores atrações turísticas em Évora, a Capela dos Ossos, que faz parte da famosa Igreja de São Francisco  na praça 1º de Maio, construída no século XVII, decorada com ossos retirados de um antigo cemitério. O objetivo é mostrar aos visitantes a transitoriedade da vida, reforçada por uma mensagem já na entrada. “NÓS OSSOS QUE AQUI ESTAMOS PELOS VOSSOS ESPERAMOS”, parece meio lúgubre a mensagem, porém mais verdadeira impossível, não é mesmo? É um local completamente diferente, calcula-se que tenha mais de 5000 ossos (caveiras, vértebras, fêmures), dispostas em paredes, teto, colunas e mesmo em seu exterior. Há ainda dois esqueletos inteiros pendurados por correntes em uma das paredes, sendo um deles de uma criança. Enquanto percorremos o local ainda é possível ler poemas escritos pelo Padre Antonio da Ascensão Teles, que nos fazem refletir sobre caveiras e sobre a existência. É uma experiência de outro mundo, obrigatória para quem visita esta cidade. É um momento de reflexão, logo substituído pelos encantamentos dos lindos presépios do mundo todo que estavam em exposição
     Para não ficar em muitas delongas e assim espairecer, nada como um bom vinho! Afinal, vinho não foi feito para ser analisado e sim para ser compreendido. Évora é referência do vinho alentejano. Visitamos a Fundação Eugênio Almeida, produtor dos vinhos Cartuxa e Pêra Manca. O local que hoje se encontra a vinícola era um convento jesuíta do sec. XVI e está em poder da família desde o séc. XIX. É preciso reservar para poder realizar a visita neste local, pegamos o período da vindima (setembro). Os vinhedos são belíssimos e pudemos ver muitas oliveiras com frutos.
     Já saindo da cidade, pegando a estrada, nos arredores de Évora avistamos as árvores de Sobreiro, que são da família do carvalho. Ao abrir uma garrafa de vinho, nem imaginamos o longo caminho percorrido pela rolha de cortiça, que vem da casca do Sobreiro.
     Veja que curioso, desde que é plantada, o Sobreiro demora cerca de 25 anos para que sua casca atinja a espessura ideal para a produção de rolhas. Após a primeira extração de sua casca, a cortiça só atinge novamente a espessura propícia a cada 9 anos. A importância ecológica dessa árvore também é surpreendente. Ela fornece cortiça, um produto renovável e a extração não agride a natureza, proporciona também a regulação hidrológica, a proteção do solo, a conservação da biodiversidade das áreas onde é cultivada e retira o carbono da atmosfera (cerca de 14,7t de CO2 por ano). Ou seja, uma árvore perfeita para nós, amantes do vinho. Vida longa aos Sobreiros!!

Como prometi, sempre vou deixar o nome do hotel que nos hospedamos, “Casa do Vale Hotel” um local simples, com café da manhã muito bom, na beira da estrada, próximo a cidade, não dá para fazer deslocamento a pé, necessita de carro. Restaurante na cidade, maravilhoso: VINHO E NOZ
 Ruínas do Templo Romano
 Vinícola Cartuxa

 Catedral dos Ossos

 Igreja de São Francisco
Árvore de Sobreiro

domingo, 8 de dezembro de 2019

Europa Maravilhosa


          

       Cada vez que penso em fazer uma viagem busco várias informações, seja com amigos, blog, internet, instagram e assim, vou montando meu roteiro, pesquisando, me estressando, horas a fio na frente do computador. Posso dizer para você que nem tudo que está escrito nos blogs é exatamente como eles contam, até porque a experiência de cada um também conta. Muitos desses blogs são patrocinados por algumas empresas, então eles nos levam a acreditar que a experiência deles é quase que uma cartilha a ser seguida. Confesso que alguns textos me deixaram um tanto preocupada e tensa do que eu iria encontrar lá fora. Se você está lendo este texto é porque gosta de viajar. Siga em frente tenho algumas boas dicas.
         Eu escrevo porque gosto, para deixar registrados os lugares que passei as experiências boas e ruins, o que eu faria diferente numa próxima viagem e dar dicas para quem pretende visitar os lugares que passei. Assim, penso que estou contribuindo para que a sua viagem seja tão maravilhosa como a minha.
         O roteiro escolhido foi Portugal e Espanha (sempre tive um sonho de conhecer a Espanha, me encanta a língua espanhola). Os locais visitados qualquer um pode perfeitamente entrar na internet e pesquisar no Google, porém aqui eu conto sob a minha ótica, meus locais favoritos, as minhas dicas sobre tudo que vivi nestes 20 dias encantadores ao lado do meu grande parceiro de viagem, meu marido!
         Dessa forma começarei pelo país lindo, encantador, misterioso com tantas histórias para contar e que muito tem a ver com os brasileiros. As cidades que visitei foram: Évora, Fátima, Aveiro, Porto, Coimbra, Nazaré, Óbidos, Sintra, Lisboa, Cascais, Madri, Barcelona, Toledo.
Enquanto estava no avião pensava: mais ou menos 10 horas separam Portugal do Brasil. Lembrei do D. João VI que veio com suas naus cheias de portugueses, cada um com seus sonhos e esperanças. Quantos dias viajaram. Se de avião já é desconfortável imagina as naus. Está certo estavam fugindo? Mas também não dá para tirar o mérito destes corajosos desbravadores saindo do seu país para fixar residência num país estranho e primitivo.
O fuso horário é de 4 horas, em relação a Brasília. Na imigração nada foi perguntado ou pedido, apenas um caloroso bem vindo!
Ao desembarcar no aeroporto de Lisboa compramos um chip “Vodafone” para falar por 30 dias, por 20 €, uma fila quilométrica, pois todos utilizam esta empresa local, que nos atendeu perfeitamente em toda viagem, inclusive na Espanha, nada de trazer chip do Brasil, pagar roaming.
Já tínhamos uma reserva para aluguel de carro, lembre de pedir o passe automático nos pedágios (e são muitos), não alugue GPS, nossa empresa foi Guerin, sangue frio na hora do seguro, porque há um pouco de pressão por parte do vendedor. Fizemos o seguro intermediário, é melhor fazer do que ser surpreendido por um sinistro qualquer.
Meio zonza, cansada, GPS do próprio celular acionado, com um trânsito infernal saímos do aeroporto rumo a Évora, 135 km de Lisboa, com pedágios na média de 9,65 €.
Então... próximo destino ÉVORA!