quarta-feira, 30 de novembro de 2011

UM DIA FOI MODA - Parte I



Desde os tempos de escola sempre gostei de pesquisas, passava tardes inteiras na biblioteca pública procurando novidades, imagine se na época tivesse internet. Então, resolvi fazer um levantamento das lembranças dos anos dourados, mais precisamente entre 1970 e 1980 (minha adolescência) para que você leitor viaje comigo.
Não é saudosismo, apenas curiosidade, tenho visto freqüentemente programas em canal aberto e fechado comentando sobre o passado, palavras, propagandas, expressões! Resolvi buscar na internet sites que comentam sobre isso. O tempo passa e as palavras vão ficando pra trás, vão sendo substituídas e é muito engraçado relembrá-las, mas claro que para os jovens estas palavras ou expressões são completamente estranhas. Convido você há parar um pouco suas atividades e tente lembrar-se das coisas agradáveis que fizeram parte da sua infância e adolescência, principalmente na década de 70 a 80, você terá boas surpresas. Acredite, eu não sou a única a lembrar. Muitas vezes nos reunimos entre amigos e parentes apenas para dar boas gargalhadas desta época que agora passo a comentar com vocês.
Alguém já ouviu falar de “camisa volta ao mundo”? É claro que o tecido não deu a volta ao mundo, né? Era um tecido sintético para ser usado no verão, não precisava usar o ferro, moda na década de 60 e início de 70. O problema era que esse tecido não transpirava e dava um cheiro horrível no final do dia, a famosa “asa”. Outro tecido muito usado era o “ban-lon”, também sintético, muito confortável, para os homens era uma espécie de camiseta pólo e para as mulheres um tipo de twin set.
O jeans de hoje, no passado era “brim coringa”, com uma propaganda que dizia: “a roupa que não encolhe, exija as legítimas. As calças compridas eram “eslaques” e para ir à reunião dançante (balada) era usada a “calça de boca de sino” (pantalona). Outra marca de jeans lançado pela Alpargatas em 1965, foi a calça Topeka.
Nos pés era comum usar calçados como conga (sucesso de vendas em 1980, um tipo de tênis de tecido azul marinho e bico branco, muito macio, adotado também como uniforme escolar. Relançado em 2002 como um produto fashion). Depois veio o “bamba” um tênis clássico dos anos 80 e 90, primeiro lançado numa cor só e depois vieram com desenhos. Para os amantes do futebol veio o “kichute”, uma febre depois da Copa do Mundo de 1970, no México, até as meninas usavam para ir à escola (eu também usei). Ele tinha um cadarço enorme, e a moda era entrelaçá-lo na canela antes de amarrá-lo. “Guides” era outro nome dado ao tênis.
Os homens após fazer a barba usavam um pós chamado “aqua velva”, no cabelo o gel era “glostora” que prometia um brilho natural dos cabelos, perfumando e fixando, para perfumar uma colônia vinda da Argentina chamada Lancaster, lançada na década de 60.
A roupa íntima masculina era a ceroula (cueca) e a feminina, hoje conhecida como “soutiens” na época era chamado de corpinho e quando a calcinha era igual passava a se chamar combinação. Sem esquecer os absorventes íntimos descartáveis que só existia o Modess, que passou a ser fabricado no Brasil a partir de 1945. As mulheres adoravam colocar rolos no cabelo e depois aquele lenço colorido por cima, iam até o supermercado assim. No programa do Chaves a D. Florinda é adepta a esse figurino.
Provavelmente nossas mães enfeitavam a cama com uma Colcha Madrigal (chenille) lançada no mercado pela Alpargatas em 1967. E por falar em Alpargatas, as Havaianas foram lançadas em 1962. Fizeram tanto sucesso que todo o Mundo copiou, porém cópias “fajutas” como alertavam os comerciais da época. “Exija as Havaianas legítimas, que não deformam e não soltam as tiras”. Os modelos eram apenas dois: branco com sola azul claro e branca com solado preto. Para ficar mais moderninho virávamos o solado para cima, assim os chinelos ficavam coloridos. Em 2000 a empresa  Alpargatas bateu o recorde de vendas destes chinelos.
Aqui deixei algumas curiosidades destes anos dourados onde eu fui adolescente, segue a pesquisa... Até a próxima!

terça-feira, 8 de novembro de 2011

VOU FAZER 50 ANOS


Num tempo não muito distante as geladeiras eram importadas chamadas “Frigidaire” e os ventiladores um perigo para as crianças, com suas pás de metal desprotegidas. Comia-se manteiga sem culpa no café da manhã, almoçava-se em casa, jantava-se lautamente. Fotógrafos ganhavam a vida fazendo três x quatro na praça ou surpreendendo casais e famílias que passavam nas ruas: os instantâneos ficavam prontos rapidinhos, em menos de uma semana. As contas eram pagas em dinheiro vivo. O correio trazia cartas e telegramas (hoje nos trazem dores de cabeça... as contas). As cartas aéreas eram escritas em papel fino, para não ficarem pesadas e, por conseguinte caras. Os comunicados fúnebres chegavam em envelopes com tarjas pretas, que lhes davam gravidade e os destacavam do resto da correspondência. Nas cidades pequenas o sino da igreja tocado pausadamente anunciava o acontecido. A televisão era um aparelho de luxo, lembro que a TV colorida só apareceu na minha casa em 1974. Para o grande público as notícias vinham pelo rádio e pelos jornais, que traziam informações de todo o tipo, das grandes manchetes ao resultado de concursos públicos. Mães zelosas guardavam revistas para os trabalhos escolares dos filhos e, em toda residência com um mínimo de recursos, coleções de livros de referência para jovens tinham destaque nas estantes, os mais afortunados tinha a famosa coleção “barsa”. Havia ótimo mercado para enciclopédias, vendidas de porta em porta, em suaves prestações mensais. E também dessa forma compravam-se cosméticos por livrinhos da Avon ou Cristhian Gray. A palavra “tecnologia”, apesar de inventada em 1829, não fazia parte do vocabulário geral.
         Em menos de 50 anos, a tecnologia alterou radicalmente o modo como vivemos. Nenhum aspecto do cotidiano ficou intocado, nenhuma pessoa escapou a sua influência. Se este impacto é para melhor ou para pior é discussão apenas filosófica. Um caminho sem volta!
Pergunto-me constantemente, “como é que conseguíamos viver antes da internet?!” Como encontrávamos telefones e endereços? Como sabíamos quais filmes estavam em cartaz? Como descobríamos os horários dos vôos, a temperatura em Natal, o valor da moeda estrangeira? A quem recorríamos para saber como se tiram manchas? Como conseguíamos esperar meses por uma carta? Como dependíamos apenas dos discos que estavam nas lojas? Como fazíamos quando queríamos a letra de uma música ou o trecho de um filme? Não vivemos mais sem you tube!! A moda? Ficávamos com o mesmo sobretudo por anos! Como elaborávamos o trajeto de casa para uma rua que não conhecíamos? A resposta para estas e tantas outras se torna cada vez mais remota.
         E o celular? Era preciso ficar de plantão no escritório esperando uma chamada, ou então ditar todos os passos para a secretária, para assim agendar compromissos. Hoje localizamos qualquer pessoa em qualquer lugar num clicar de teclas.
E a fotografia? Era necessário comprar um filme de 12, 24, 36 ou 42 poses e rezar para tudo dar certo, não perder o foco ou tremer na hora. Hoje é tudo instantâneo  e queremos ver o resultado assim que a foto é tirada.
O que conta é que de 50 anos para cá passamos a ser todos muito bem informados e escravos dessa tal tecnologia. Antigamente  a medida da curiosidade de uma criança restringia-se ao que sabiam os adultos, à sua volta, aos eventuais livros de casa ou de uma possível biblioteca nas proximidades. Hoje as crianças ensinam muito mais do que aprendem conosco. Quem nascia longe dos grandes centros estava preso as limitações locais. Hoje, com um pouco de curiosidade e uma conexão à Internet percebe-se que o mundo é uma pequena aldeia!