quarta-feira, 30 de novembro de 2011

UM DIA FOI MODA - Parte I



Desde os tempos de escola sempre gostei de pesquisas, passava tardes inteiras na biblioteca pública procurando novidades, imagine se na época tivesse internet. Então, resolvi fazer um levantamento das lembranças dos anos dourados, mais precisamente entre 1970 e 1980 (minha adolescência) para que você leitor viaje comigo.
Não é saudosismo, apenas curiosidade, tenho visto freqüentemente programas em canal aberto e fechado comentando sobre o passado, palavras, propagandas, expressões! Resolvi buscar na internet sites que comentam sobre isso. O tempo passa e as palavras vão ficando pra trás, vão sendo substituídas e é muito engraçado relembrá-las, mas claro que para os jovens estas palavras ou expressões são completamente estranhas. Convido você há parar um pouco suas atividades e tente lembrar-se das coisas agradáveis que fizeram parte da sua infância e adolescência, principalmente na década de 70 a 80, você terá boas surpresas. Acredite, eu não sou a única a lembrar. Muitas vezes nos reunimos entre amigos e parentes apenas para dar boas gargalhadas desta época que agora passo a comentar com vocês.
Alguém já ouviu falar de “camisa volta ao mundo”? É claro que o tecido não deu a volta ao mundo, né? Era um tecido sintético para ser usado no verão, não precisava usar o ferro, moda na década de 60 e início de 70. O problema era que esse tecido não transpirava e dava um cheiro horrível no final do dia, a famosa “asa”. Outro tecido muito usado era o “ban-lon”, também sintético, muito confortável, para os homens era uma espécie de camiseta pólo e para as mulheres um tipo de twin set.
O jeans de hoje, no passado era “brim coringa”, com uma propaganda que dizia: “a roupa que não encolhe, exija as legítimas. As calças compridas eram “eslaques” e para ir à reunião dançante (balada) era usada a “calça de boca de sino” (pantalona). Outra marca de jeans lançado pela Alpargatas em 1965, foi a calça Topeka.
Nos pés era comum usar calçados como conga (sucesso de vendas em 1980, um tipo de tênis de tecido azul marinho e bico branco, muito macio, adotado também como uniforme escolar. Relançado em 2002 como um produto fashion). Depois veio o “bamba” um tênis clássico dos anos 80 e 90, primeiro lançado numa cor só e depois vieram com desenhos. Para os amantes do futebol veio o “kichute”, uma febre depois da Copa do Mundo de 1970, no México, até as meninas usavam para ir à escola (eu também usei). Ele tinha um cadarço enorme, e a moda era entrelaçá-lo na canela antes de amarrá-lo. “Guides” era outro nome dado ao tênis.
Os homens após fazer a barba usavam um pós chamado “aqua velva”, no cabelo o gel era “glostora” que prometia um brilho natural dos cabelos, perfumando e fixando, para perfumar uma colônia vinda da Argentina chamada Lancaster, lançada na década de 60.
A roupa íntima masculina era a ceroula (cueca) e a feminina, hoje conhecida como “soutiens” na época era chamado de corpinho e quando a calcinha era igual passava a se chamar combinação. Sem esquecer os absorventes íntimos descartáveis que só existia o Modess, que passou a ser fabricado no Brasil a partir de 1945. As mulheres adoravam colocar rolos no cabelo e depois aquele lenço colorido por cima, iam até o supermercado assim. No programa do Chaves a D. Florinda é adepta a esse figurino.
Provavelmente nossas mães enfeitavam a cama com uma Colcha Madrigal (chenille) lançada no mercado pela Alpargatas em 1967. E por falar em Alpargatas, as Havaianas foram lançadas em 1962. Fizeram tanto sucesso que todo o Mundo copiou, porém cópias “fajutas” como alertavam os comerciais da época. “Exija as Havaianas legítimas, que não deformam e não soltam as tiras”. Os modelos eram apenas dois: branco com sola azul claro e branca com solado preto. Para ficar mais moderninho virávamos o solado para cima, assim os chinelos ficavam coloridos. Em 2000 a empresa  Alpargatas bateu o recorde de vendas destes chinelos.
Aqui deixei algumas curiosidades destes anos dourados onde eu fui adolescente, segue a pesquisa... Até a próxima!

terça-feira, 8 de novembro de 2011

VOU FAZER 50 ANOS


Num tempo não muito distante as geladeiras eram importadas chamadas “Frigidaire” e os ventiladores um perigo para as crianças, com suas pás de metal desprotegidas. Comia-se manteiga sem culpa no café da manhã, almoçava-se em casa, jantava-se lautamente. Fotógrafos ganhavam a vida fazendo três x quatro na praça ou surpreendendo casais e famílias que passavam nas ruas: os instantâneos ficavam prontos rapidinhos, em menos de uma semana. As contas eram pagas em dinheiro vivo. O correio trazia cartas e telegramas (hoje nos trazem dores de cabeça... as contas). As cartas aéreas eram escritas em papel fino, para não ficarem pesadas e, por conseguinte caras. Os comunicados fúnebres chegavam em envelopes com tarjas pretas, que lhes davam gravidade e os destacavam do resto da correspondência. Nas cidades pequenas o sino da igreja tocado pausadamente anunciava o acontecido. A televisão era um aparelho de luxo, lembro que a TV colorida só apareceu na minha casa em 1974. Para o grande público as notícias vinham pelo rádio e pelos jornais, que traziam informações de todo o tipo, das grandes manchetes ao resultado de concursos públicos. Mães zelosas guardavam revistas para os trabalhos escolares dos filhos e, em toda residência com um mínimo de recursos, coleções de livros de referência para jovens tinham destaque nas estantes, os mais afortunados tinha a famosa coleção “barsa”. Havia ótimo mercado para enciclopédias, vendidas de porta em porta, em suaves prestações mensais. E também dessa forma compravam-se cosméticos por livrinhos da Avon ou Cristhian Gray. A palavra “tecnologia”, apesar de inventada em 1829, não fazia parte do vocabulário geral.
         Em menos de 50 anos, a tecnologia alterou radicalmente o modo como vivemos. Nenhum aspecto do cotidiano ficou intocado, nenhuma pessoa escapou a sua influência. Se este impacto é para melhor ou para pior é discussão apenas filosófica. Um caminho sem volta!
Pergunto-me constantemente, “como é que conseguíamos viver antes da internet?!” Como encontrávamos telefones e endereços? Como sabíamos quais filmes estavam em cartaz? Como descobríamos os horários dos vôos, a temperatura em Natal, o valor da moeda estrangeira? A quem recorríamos para saber como se tiram manchas? Como conseguíamos esperar meses por uma carta? Como dependíamos apenas dos discos que estavam nas lojas? Como fazíamos quando queríamos a letra de uma música ou o trecho de um filme? Não vivemos mais sem you tube!! A moda? Ficávamos com o mesmo sobretudo por anos! Como elaborávamos o trajeto de casa para uma rua que não conhecíamos? A resposta para estas e tantas outras se torna cada vez mais remota.
         E o celular? Era preciso ficar de plantão no escritório esperando uma chamada, ou então ditar todos os passos para a secretária, para assim agendar compromissos. Hoje localizamos qualquer pessoa em qualquer lugar num clicar de teclas.
E a fotografia? Era necessário comprar um filme de 12, 24, 36 ou 42 poses e rezar para tudo dar certo, não perder o foco ou tremer na hora. Hoje é tudo instantâneo  e queremos ver o resultado assim que a foto é tirada.
O que conta é que de 50 anos para cá passamos a ser todos muito bem informados e escravos dessa tal tecnologia. Antigamente  a medida da curiosidade de uma criança restringia-se ao que sabiam os adultos, à sua volta, aos eventuais livros de casa ou de uma possível biblioteca nas proximidades. Hoje as crianças ensinam muito mais do que aprendem conosco. Quem nascia longe dos grandes centros estava preso as limitações locais. Hoje, com um pouco de curiosidade e uma conexão à Internet percebe-se que o mundo é uma pequena aldeia!

sábado, 7 de maio de 2011

MÃE

                             
        Palavra tão pequenina e que diz tanto, que chega a sufocar às vezes de tanta saudade. Lembranças da minha infância, do colo, da proteção. Lembranças dos meus filhos pequenos, da necessidade de protegê-los de tudo, de ficar bem pertinho, da bagunça no domingo de manhã, enfim.
Uma pessoa que perdoa e a tudo suporta, sem obter lucros e vantagens, sem querer um dia cobrar pelo amor dado? Esta pessoa só poderia ser a mãe.
Todos nós temos ou tivemos mãe, o pai até pode ser incerto, mas foi ela que passou nove meses dando amor, carinho a alguém que nem conhecia. Um pequenino ser que estava em formação!
Mãe que é mãe não é capaz de deixar um filho sem alimento, era preferível que ela passasse fome. Aquela que passava horas e horas em claro ao lado do filho enquanto ardia em febre ou chorava de medo do escuro. Que muitas vezes perdeu o sono esperando o filho voltar das festas. E o táxi-mãe, levando todos os amigos para que estes estivessem em segurança.
Tem uma propaganda linda na televisão, das lojas Renner, ela simplesmente diz tudo. “Tem um dia que os filhos vão querer a sua carona, mas não a sua companhia”. E outra que diz “ tem um dia em que os filhos vão embora, mas também tem um dia em que os filhos voltam”. Meu Deus, é uma propaganda mágica.
Neste dia das mães vamos olhar pra nossa mãe e agradecer, e com um grande abraço dizer bem no ouvidinho dela. “Mãe obrigada por eu existir”

sexta-feira, 8 de abril de 2011

A VIOLÊNCIA NO RIO DE JANEIRO


É impossível ficar alheia e calada diante de tanta violência. Nossas vidas são invadidas por notícias apavorantes de todos os lados: violência urbana, como assaltos a prédios de luxo, seqüestros, morte em escola municipal; violência da natureza como terremotos e tsunamis, violência de um modo geral. Não houve tempo para se recuperar do terremoto do Japão e logo em seguida uma tragédia bem perto de nós.
Nem nossas crianças escapam de tanta violência, seja em casa, como no caso do assalto ao prédio em Porto Alegre, seja na escola do Rio de Janeiro. Violência que só víamos nos filmes e nos noticiários estrangeiros, agora invade as manchetes locais. Lugares que nós adultos pensávamos invioláveis como uma escola municipal num bairro comum de uma grande cidade.
Leio jornais, vejo na televisão, procuro respostas na internet, mas todos estão atônitos, buscando explicações a um comportamento de um jovem desconhecido “Wellington”, de 24 anos, que simplesmente resolveu premeditadamente sair atirando e matando.
Hoje pela manhã já escutei de tudo, alguns especialistas tentam analisar, alguns se arriscam ao afirmar que o “matador” tinha comportamento esquizofrênico, outros que ele era um sociopata e outros o descrevem como um psicopata. Mas afinal, o que quer dizer cada um desses termos? Busquei algumas definições para cada um desses transtornos de personalidade.
Esquizofrênico: é um transtorno psíquico, alteração do pensamento, alucinações, delírios, alterações no contato com a realidade. Atinge 1% da população mundial, manifestando-se habitualmente entre 15 e 25 anos.
Sociopata: transtorno de personalidade, caracterizado pelo comportamento impulsivo do indivíduo afetado, desprezo por normas sociais, indiferença aos direitos e sentimentos dos outros. Não raramente tem um comportamento agressivo e diferente, que varia de caloroso para frio ou cruel dependendo de como quiser manipular, possuem grande talento em escrever e juntar rimas. A maioria dos sociopatas (72%) é do sexo masculino, muitos tem uma família desestruturada ou tiveram uma infância difícil e quando atingem a fase adulta, utilizam comportamento violento como meio de se “vingar” do passado, inconscientemente.
Psicopata: essas pessoas se caracterizam por um distúrbio mental grave caracterizado por um desvio de caráter, ausência de sentimentos genuínos, frieza, insensibilidade aos sentimentos alheios, manipulação, egocentrismo, falta de remorso e culpa para atos cruéis. Tem plena consciência de que seus atos não são corretos, tanto que na carta que o “atirador” deixou ele pede perdão pelo que fez e ainda tem o descaramento de pedir que rezem em seu túmulo.
Os psicopatas andam pela sociedade como predadores sociais, rachando famílias, se aproveitando de pessoas vulneráveis. Nem todo psicopata é assassino, alguns estão em escritórios, muitas vezes ganhando uma promoção atrás da outra enquanto puxam o tapete dos colegas, caracterizados como “cobras de terno”.
Sei que é contra a minha religião desejar a morte de alguém, mas ainda bem que o sargento da policia militar estava no lugar certo, na hora certa para atingir esse maluco e evitar que mais mortes ocorressem dentro daquela escola.
Não tem como imaginar a dor das famílias, um fato desta magnitude entristece a todos nós, nos causa uma sensação de vazio de impotência, de insegurança, de descrédito, uma inquietação, um sentimento inexplicável de muito medo!

quinta-feira, 7 de abril de 2011

MORTE NO CARNAVAL

Está fazendo uma bela tarde de verão e o carnaval à noite promete ser inesquecível.
Vai anoitecendo rapidamente e o som das cuícas começa a soar pela avenida. O som hilariante dos instrumentos aumenta à medida que os blocos se aproximam, a alegria é contagiante. Os sambistas passam tocando e se divertindo, rindo até o amanhecer.
Pela manhã, os batuques continuam soando na avenida. O som vibrante não permite que alguns moradores durmam. Outros acordam e vão até a frente de suas casas conversar. Comentam que a noite estava muito quente e que talvez chovesse no final do dia. Isso prejudicaria tremendamente o faturamento do carnaval.
O movimento aumenta, muitas pessoas já estão de pé.  O som da cuíca está um pouco mais suave, porque a escola de samba se afasta do palanque principal.
Em meio aquele alvoroço de instrumentos e comentários, ouve-se um grito seco:
- Socorro! O Vilásio está morto!
Aquele grito misturado com o surdo da escola de samba, junto com os comentários, deixa a todos perplexos, gelados, arrepiados sem saber o que fazer. Os vizinhos espantados dirigem-se ao local.
Começou o velório. Choros, velas, luto, os familiares atônitos recebendo os pêsames. É tudo tão lúgubre e lá na rua sem tomar conhecimento de quem é Vilásio, o carnaval continua.
Sua morte não foi um motivo para terminar com o carnaval, afinal ele é apenas mais um habitante da pequena cidade.
Quando chegou a hora do enterro começou a cair uma chuva fina. O caixão era levado por seis pessoas. O sino da capelinha soava tristemente dando algumas badaladas. O choro e os comentários: como era bom o Vilásio, um bom pai de família, trabalhador, morreu cedo, 40 anos, pobre viúva Sarita, com quatro filhos pequenos, sem dinheiro, o que vai fazer?
O som do sino era confundido com a batida do surdo, do atabaque, do pandeiro. A escola iniciava novamente seu desfile na avenida.
A chuva fina continuou caindo. Chegaram ao cemitério, que ficava a poucas quadras da avenida do carnaval. O cheiro de vela, de flores, enjoava a todos.
Estava terminado o enterro. Restou só a dor da perda de um ente querido. Foram todos para a vila novamente.
A noite foi chegando e com ela o barulho ensurdecedor dos instrumentos. A vila estava triste, deprimida e sem brilho.
Mais tarde, as pessoas desta mesma vila, saíram e foram brincar no carnaval. A dor havia passado? Vilásio não representava mais nada? Ou simplesmente... foram brincar... para esquecer “as peças” que a vida apronta?

Publicado 22.11.1978

terça-feira, 5 de abril de 2011

AS MÃES DE CHICO XAVIER

     Estou chegando agora do cinema fui ver o filme “As mães de Chico Xavier”. Quem está acostumado a ler livros espíritas já deduz o que vai encontrar na tela, mas é muito mais. A história retrata três mães em diferentes momentos de suas vidas. Elas buscam consolo com o médium Chico para o sofrimento pelo qual estão passando e no final uma certeza única de que a morte não é o fim.
     Um filme de produção muito simples, mas com bom conteúdo. É interessante porque sempre as pessoas são céticas até se depararem com esse monstro desconhecido. Em muitos momentos do filme é impossível não se emocionar, tentar segurar aquela lágrima que teima em rolar, aquele nó na garganta e um imenso aperto no coração.
     Enquanto o filme vai passando vai rolando um filme na nossa cabeça e paralelamente as cenas vão se confundindo com o que pode ser verdade e o que pode ser ficção. Quando deixo o cinema uma sensação de alívio indescritível, penso: foi um filme.
     Por favor, não tem melodrama aqui de jeito algum é só uma pausa para pensar e agradecer a Deus a família que tenho e que todos estão aqui.
     Recomendo esse filme a todos crentes ou não!

EDIÇÃO EXTRAORDINÁRIA

Antigamente existia um monstro horrível chamado inflação. Para você ter uma idéia veja alguns dados. A inflação acumulada de 1980 foi de 110,24%, em 1983, 211,02%, em 1986, 235,11% e o acumulado no ano de 1988 foi de 1.037,56%. Isso não é ficção e nem seriado de TV, tudo isso ocorreu no Brasil! Houve várias trocas de moeda até chegar em 1994 o Real (moeda que vigora até hoje). De 1970 a 1986 o padrão monetário do Brasil era o “Cruzeiro”. Uma nota de Cr$ 1.000,00 (mil cruzeiros) hoje provavelmente valeria R$ 0,30 (trinta centavos). Nesta nota havia estampada a figura do Barão do Rio Branco, circulou entre os anos de 1970 a 1986.
Os mais antigos ainda lembram-se desta época de INFLAÇÃO e provavelmente querem apagar da memória um período muito difícil da nossa história. Os mais jovens nem imaginam que período terrível foi aquele onde o valor das mercadorias caia e subia diariamente. Imaginem um litro de óleo de soja pela manhã tinha um valor e a tarde muitas vezes era 50% mais caro. Quando um produto barato era encontrado fazíamos estoque, consequentemente ele desaparecia das prateleiras do supermercado.
Em 1980, eu cursava Comunicação na Feevale, e o professor pediu que fizesse uma redação de tema livre. Pensei, pensei e tive a idéia de escrever uma sátira sobre a desvalorização da moeda brasileira. Este trabalho foi muito elogiado e obteve a nota máxima. Deliciem-se com o texto.

        EDIÇÃO EXTRAORDINÁRIA


        Fugido há vários dias dos cofres da cidade, a polícia ainda não conseguiu capturá-lo, devido a sua maneira astuta de escapulir, cada vez que estão na pista consegue desvencilhar-se facilmente das engenhosas armadilhas arquitetadas pelos tiras.
Segundo as últimas declarações prestadas pelo Banco Central, o fugitivo está em completo disfarce, seguindo as seguintes características; vasta cabeleira encaracolada, negra, remoçado uns 20 anos, vestindo roupas esfarrapadas, que nada se parece com as de um nobre.
        Mais de dois bilhões de pessoas estão a sua procura. Buscas intensivas estão sendo feitas desde a semana que passou. A imprensa escrita e falada foi avisada. Está sendo realmente um dos maiores acontecimentos do ano em termos policiais. O comentário gira em torno disso. Agora? Como vamos fazer?
        Nas rodinhas de samba, nos papos com amigos, no coletivo, na sala de aula, enfim, todos preocupados com a situação: como viveremos se não o encontramos?
        E atenção!
Uma notícia chegada há poucos instantes, comunica que o meliante foi capturado quase sem vida. Segundo curiosos que lá se encontravam ele está irreconhecível.
A polícia evacuou o local, sendo o fugitivo imediatamente removido para a emergência do pronto socorro. Após várias operações, foi levado para UTI, vindo a falecer devido à queda brusca da desvalorização.
A manchete é única: “Morreu o Barão, sufocado pela inflação”.



* Publicado em 25.04.1981, Jornal O Progresso

sexta-feira, 1 de abril de 2011

AS AVENTURAS DE UM LÁPIS PRETO

Sou um pobre toco de lápis, vou contar a vocês como eu vivi esses anos todos.
Eu era ainda bem jovem, nem sabia o que era vida, pensava que tudo fosse um mar de rosas, que eu sendo bom, todos seriam bons comigo também.
De preto numa fábrica me vestiram e logo depois fiz uma viagem e fui parar numa livraria, por sinal muito elegante. Fiquei exposto dias e dias no mesmo lugar. Notei que uma criança me olhava atentamente. Foi quando a vendedora da loja veio em minha direção e me levou até ela. Fiquei tão impressionado que nem notei que um papel estava grudado em mim, provavelmente uma embalagem de presente.
Fiz um passeio curto, mas eu não sabia onde eu estava indo. Quando vi estava junto daquela criança que eu vira na loja. Pensei: que bom eu estou em casa de gente conhecida.
Fui dormir dentro de uma caixa de madeira no meio de um monte de lápis coloridos.
No outro dia acompanhei a menina à escola, eu estava tão feliz! Até que um apontador começou a me machucar, pouco a pouco, senti uma tristeza enorme, comecei a chorar em silêncio. A menina nem notava que eu não conseguia parar de soluçar, para ela eu não passava de um simples lápis preto. Esta tristeza durou pouco, depois passeei o tempo todo em cima de um objeto branco cheio de riscos horizontais, a que todos chamavam de caderno, era tão legal eu ia e vinha.
O tempo foi passando e eu já não via mais beleza em passear sobre o caderno, o apontador também já não me assustava mais. Quando percebi, o tempo passou e eu, comecei a ficar velho e pequeno, eu já não era mais o mesmo.
Fui substituído por um almofadinha azul, grande coisa pensei. Eu já fiz muitas coisas na vida: respondi provas, resolvi problemas matemáticos, Pitágoras eu faço até de olhos fechados, conjuguei verbos, sei até conjugar o verbo impedir, escrevi até cartas de amor. Hoje sou um lápis velho, mas instruído... Não há de ser nada!
Neste asilo de velhos lápis em que me encontro, noto que todos foram como eu. Muitos lápis estão a minha volta, uns quebrados outros pequenos demais, mas mesmo assim eu percebo que na minha longa jornada fui feliz, não serei um velho não. Estou com uma viagem marcada a um estojo novo, ainda bem que alguém gosta de velhos tocos de lápis.
         
Publicado 05.01.1978   (revisado)                                                         

quinta-feira, 31 de março de 2011

EU... SIMPLESMENTE...

Com 15 anos de idade eu já gostava de colocar minhas idéias no papel. Meus temas eram variados, coisas do mundo. Tudo era motivo para escrever: o cotidiano, o cobrador de ônibus, os acidentes de trânsito, as plantas da minha casa, os acontecimentos da minha cidade. Naquela época um jornal da cidade me convidou para escrever semanalmente, Jornal o Progresso, devo muito a eles, pois muitos leitores gostavam do que liam recebia elogios e pediam para que eu não parasse. Alguns textos hoje estão defasados, mas outros muito atuais que penso ser uma visionária em alguns pontos. Escrevi por mais de três anos, eu adorava. Críticas havia muitas, mas tudo era estímulo para escrever mais. Um dia recebi uma crítica tão grande que bloqueou minhas palavras e nunca mais escrevi. O tempo passou e só agora penso em retomar, sem muita preocupação com o que os outros vão pensar ou com as concordâncias verbais, que sempre foram o meu fraco. Vou aproveitar esse veículo maravilhoso que é a internet e reescrever alguns textos da época e criar alguns atuais, quem sabe assim eu volte a escrever como antigamente!  Pode até haver uma “famosa escritora” escondida dentro de mim! Não se surpreendam se nascer uma cronista, com textos novos e diferentes ou da época!!! Vale à pena viajar no tempo!!!!

terça-feira, 29 de março de 2011

CRIANÇA EM EXTINÇÃO...

Crianças. “Não se faz mais crianças como antigamente!” Por quê? Neste mundo moderno, século XXI, interrogo-me constantemente, procurando encontrar alguma resposta convincente, que me satisfaça à curiosidade.
A criança de hoje é hiper adubada, ela não é estimulada a pensar, se comporta como um adulto, fala línguas, toca instrumentos, tem amigos virtuais, se comunica pelo MSN, tem celular, preocupa-se com moda e estilo, tira conclusões precipitadas sobre vários assuntos. Preocupa-se em desenvolver a lógica, rapidez, desenvoltura no teclado, deixando de lado as coisas simples de criança como os brinquedos pedagógicos, contos de fadas, bonecas ou carrinhos.
Desde pequena ela é condicionada pelos pais a desenvolver o raciocínio, a sua inteligência com computadores, ipod, brinquedos eletrônicos, fazer várias atividades extras na escola, tudo para mantê-la ocupada. Ela não tem mais tempo de ser criança, ter o prazer de se sujar, porque dela é exigido um comportamento de adulto.
Eu também fui criança, o meu tempo não foi o das charretes, nem dos bois, mas foi o tempo da crise da gasolina, dinheiro curto, nem se pensava em cinema 3D, os computadores não eram domésticos. As ruas eram cheias de crianças que de brinquedos sadios faziam a sua infância. Esconde esconde, meia meia lua 1 2 3, pega pega eram nossos brinquedos favoritos.
Como eu ficava triste quando pelas 18 horas eu tinha que entrar, pois isto não eram horas de criança brincar na rua.
Tenha dó. Onde está o encantamento da criança, hoje ele desenvolve um papel que não é o dela, o papel de mini-adulto, cheia de atividades e responsabilidades.
Hoje, onde estamos? O aniversário não tem mais a singeleza das brincadeiras, mas sim, uma super produção. As festas são à noite no ritmo da balada! Isso mesmo!
Eu fui do tempo que se brincava nas ruas, graças a Deus, ao passo que agora nossas crianças ficam em casa na companhia da Net, tem seu próprio computador, a era da internet, entrando muitas vezes em sites impróprios para a sua idade.
Concordo que se a criança vai para a rua brincar poderá ficar ali mesmo, pois os carros não perdoam. Mas algum de nossos prédios tem playgraud, temos muitas creches com ótimos professores, os fins de semana podem ser usados para buscar pracinhas com balanço, gangorra, é preciso resgatar a infância!
Vamos salvar as crianças da era dos eletrônicos, vamos eleger um dia por semana sem internet, um dia por semana onde os pais farão uma dedicação exclusiva aos pequenos, um dia sem ser estimulada a ser a melhor. Vamos fazer renascer a ingenuidade e a fantasia que toda criança necessita passar para ser ajustada na sociedade. Não deixem que as crianças sejam mini robozinhos.
O mundo precisa de crianças e não de gênios ou uma população que de tanta informação não sabe o que quer.
* texto adaptado e publicado em 04.11.1978

segunda-feira, 21 de março de 2011

TROTES VIOLENTOS, ATÉ QUANDO?

Até quando vai continuar esses trotes sem pé nem cabeça, que todo início de semestre despontam pelas ruas das cidades brasileiras? Trotes violentos, humilhantes e constrangedores? A Universidade sempre diz que não permite tais práticas, mas por sua vez não proíbe e nem repreende os veteranos de fazê-lo. Não me digam que a Universidade não tem conhecimento, porque tem conhecimento sim, casualmente terça feira estava eu pelas dependências da UFRGS, próximo ao prédio da arquitetura quando vi passar uma fila imensa de alunos pintados, fedorentos, e agachados como “elefantinhos”, como eles mesmo dizem, entrando pelo pátio da universidade. Outro dia peguei um ônibus onde um calouro todo constrangido se dirigia ao final do corredor com vergonha do seu mau cheiro. O que deveria ser um orgulho por ter passado numa Universidade particular ou federal, torna-se uma humilhação.
Nunca vou esquecer, em 2009, a humilhação nos olhos da minha filha, caloura de Farmácia, obrigada a pedir dinheiro pelas ruas da cidade, toda suja, fedorenta (sim porque não contentes em pintá-los, os veteranos colocam entre outras substâncias água de peixe pobre sobre os cabelos, junto com farinha para que a mistura demore a sair), não sei quantos banhos foram necessários para sair toda aquela podridão que se acumulou nos cabelos, a roupa foi toda para a lata de lixo, sem contar meias e tênis que também foram descartados. Não me venham com a historinha que os calouros gostam deste trote, por se um rito de passagem para a universidade. Quem não participa é humilhado, eles são obrigados sim a tomar álcool, recebem uma lista onde é “convidado” a “colaborar” com muitas dúzias de cerveja, sob pena de “multa”,  para que os veteranos possam fazer uma “festa”, onde a beberagem corre solta. Práticas como passar balas de boca em boca, comer coisas desagradáveis,  é uma sucessão de nojeiras que é muito difícil descrever aqui.
Novamente pergunto! A Universidade não sabe de nada? Todo mundo sabe o que acontece com os calouros nos início do semestre. Ai você pergunta: mas porque os alunos vão aos primeiros dias de aula, ora, porque além dos professores iniciarem as matérias, os que não vão são pegos posteriormente pelos veteranos. Então queridos amigos, ninguém escapa! Esse episódio que ocorreu com o calouro de computação, que  entrou em coma após sofrer trote violento, é mais uma vítima, mais um caso de violência que ficará impune. A Universidade se defende dizendo que irá investigar a agressão, alega também que não pode fazer nada, pois é fora dos portões da escola, porém é sabido por todos que essa violência contra estudantes irá continuar.
Até quando a sociedade vai ficar de braços cruzados esperando que mais um jovem sofra constrangimentos e humilhações? Até quando vamos esperar atitudes das autoridades que tem ciência destes acontecimentos e  que semestre após semestre não fazem nada!

segunda-feira, 14 de março de 2011

CURIOSIDADES SOBRE A ANTÁRTIDA

Esses dias estava lendo um livro de curiosidades e lá encontrei algumas sobre a Antártida, são todas muito interessantes que vale a pena compartilhar com todos. Vocês sabiam que na Antártida não tem bactérias? Isso mesmo, em razão disso alimentos podem ser consumidos após anos sem uso, não existe também o mofo, nem latas enferrujam e nem alimentos apodrecem? Outra... os blocos de gelo flutuantes (icebergs) são formados por água doce! Em razão disto que os mesmos flutuam, pois a água doce é mais leve que a água salgada do mar? A parte visível dos icebergs sobre as águas representam em média apenas 10% do seu total! Os outros 90% estão sob as águas. Só existem duas estações: verão com 6 meses de sol (não existem noites) com uma temperatura média de 0ºC e o inverno com 6 meses de escuridão (não existem dias) com uma temperatura de -20ºC, chegando a máxima à -70ºC. Quem interessante não é? Vou ler um pouco mais sobre esse assunto e depois conto tudo!!!!!!!