segunda-feira, 21 de março de 2011

TROTES VIOLENTOS, ATÉ QUANDO?

Até quando vai continuar esses trotes sem pé nem cabeça, que todo início de semestre despontam pelas ruas das cidades brasileiras? Trotes violentos, humilhantes e constrangedores? A Universidade sempre diz que não permite tais práticas, mas por sua vez não proíbe e nem repreende os veteranos de fazê-lo. Não me digam que a Universidade não tem conhecimento, porque tem conhecimento sim, casualmente terça feira estava eu pelas dependências da UFRGS, próximo ao prédio da arquitetura quando vi passar uma fila imensa de alunos pintados, fedorentos, e agachados como “elefantinhos”, como eles mesmo dizem, entrando pelo pátio da universidade. Outro dia peguei um ônibus onde um calouro todo constrangido se dirigia ao final do corredor com vergonha do seu mau cheiro. O que deveria ser um orgulho por ter passado numa Universidade particular ou federal, torna-se uma humilhação.
Nunca vou esquecer, em 2009, a humilhação nos olhos da minha filha, caloura de Farmácia, obrigada a pedir dinheiro pelas ruas da cidade, toda suja, fedorenta (sim porque não contentes em pintá-los, os veteranos colocam entre outras substâncias água de peixe pobre sobre os cabelos, junto com farinha para que a mistura demore a sair), não sei quantos banhos foram necessários para sair toda aquela podridão que se acumulou nos cabelos, a roupa foi toda para a lata de lixo, sem contar meias e tênis que também foram descartados. Não me venham com a historinha que os calouros gostam deste trote, por se um rito de passagem para a universidade. Quem não participa é humilhado, eles são obrigados sim a tomar álcool, recebem uma lista onde é “convidado” a “colaborar” com muitas dúzias de cerveja, sob pena de “multa”,  para que os veteranos possam fazer uma “festa”, onde a beberagem corre solta. Práticas como passar balas de boca em boca, comer coisas desagradáveis,  é uma sucessão de nojeiras que é muito difícil descrever aqui.
Novamente pergunto! A Universidade não sabe de nada? Todo mundo sabe o que acontece com os calouros nos início do semestre. Ai você pergunta: mas porque os alunos vão aos primeiros dias de aula, ora, porque além dos professores iniciarem as matérias, os que não vão são pegos posteriormente pelos veteranos. Então queridos amigos, ninguém escapa! Esse episódio que ocorreu com o calouro de computação, que  entrou em coma após sofrer trote violento, é mais uma vítima, mais um caso de violência que ficará impune. A Universidade se defende dizendo que irá investigar a agressão, alega também que não pode fazer nada, pois é fora dos portões da escola, porém é sabido por todos que essa violência contra estudantes irá continuar.
Até quando a sociedade vai ficar de braços cruzados esperando que mais um jovem sofra constrangimentos e humilhações? Até quando vamos esperar atitudes das autoridades que tem ciência destes acontecimentos e  que semestre após semestre não fazem nada!

3 comentários:

  1. Da-lhe dona Vera!
    Concordo plenamente, até quando vamos ter que assistir tais atos sem que ninguem tome providências?

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  2. Só eu sei o quanto é ruim, nojento e sem graça esses trotes. É a lembrança mais triste que tenho, infelizmente. Sou a favor das pinturas com tinta, apenas.

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  3. Realmente, alguns jovens não sabem o limite entre liberdade e libertinagem. Abusam das brincadeiras e constrangem os colegas. O meu contato com tal evento foi muito legal, devido ao fato do respeito à minha integridade e às brincadeiras saudáveis. Fiquei imundo, mas com o sentimento bom de ter podido aproveitar esse momento que é único.

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