Sair
do agito da cidade grande, compromissos, trabalho, estudo, corre pra cá, corre
pra lá. Busquei refúgio num lugar onde o celular pega muito pouco, onde a paz
realmente reina, onde o ar que respiro é realmente puro, onde a natureza é
exuberante e o foco de tudo é a oração, um Templo Budista. Num dia qualquer da
semana fui a Três Coroas, no bairro Águas Brancas, distante 98 km de Porto
Alegre onde se encontra um dos maiores Templos Tibetanos da América Latina, o
Khadro Ling, que é a sede do Chagdud Gonpa Brasil, uma organização sem fins
lucrativos destinado ao estudo e a prática do budismo tibetano.
A
história conta que em 1994 Chagdud Tulku Rinpoche encantou-se com a beleza da
região e decidiu estabelecer um centro no lugar. Em 1995 Rinpoche (título do
budismo tibetano que se dá a um lama considerado precioso por seu conhecimento)
mudou-se para onde hoje está o Khadro Ling. Desde então, artistas tibetanos,
brasileiros e indianos, entre outros de diferentes nacionalidades, ajudaram a
construir o local com belas pinturas e monumentos.
O que
impressiona é a complexidade do lugar, com templos, residência dos moradores,
rodas de orações, monumentos, bandeirolas, imagens esculpidas, as cores, o silêncio,
os detalhes. A Paz, só interrompida pelo soar do sino e do vento que sopra.
Ao
chegar somos conduzidos à sala de vídeo onde é contada a história do local e as
orientações para visitação. O coração do Khadro Ling é o templo que abriga
retiros e cerimônias. A fachada não dá a dimensão do que é o templo por dentro.
Naquela tarde havia um retiro e não pudemos visitar o templo por dentro. Em outra
oportunidade quando visitei pude observar internamente os detalhes e cores
deste templo. Em um local existem centenas de potinhos de água, que são
trocados de manhã e no final da tarde, como forma de estimular a disciplina. O
vermelho e o dourado são as cores predominantes no local.
As
Rodas de Oração são mantras escritos em cilindros de papel que giram sem parar,
e um toque de sino soa a cada 7 segundos. A visita deve ser feita andando em
sentido horário. Segundo os tibetanos, ao girar estes cilindros é liberado uma
energia sutil, capaz de proporcionar saúde, paz, equilíbrio e vitalidade para
todos os seres do planeta. Um dos mantras mais conhecidos é o Mantra da
Compaixão “OM MANI PADME HUM”.
No
local ainda podemos observar as oito estupas, suporte para as oferendas. Elas representam
as diferentes fases da vida de Buda, desde seu nascimento no bosque de Lumbini,
até sua morte. No interior delas 20 mil pequenas estupas de argila contendo
mantras evocam as bênçãos do Buda.
Quando
Rinpoche idealizou o lugar ele não tinha a intenção de criar uma atração turística
e sim um templo para inspirar positivamente todas as pessoas que ali viessem,
independente de suas crenças ou tradições religiosas. Uma comunidade de
praticantes budistas mora no Khadro Ling. eles são os responsáveis pela
manutenção do templo por meio de trabalho voluntário.
A diretora
espiritual do local é Chagdud Khadro, viúva de Rinpoche, que foi sua aluna
durante mais de duas décadas. A ela cabe a orientação espiritual dos
praticantes e a condução de cerimônias e decisões administrativas do dia a dia.
Esta
é uma dica de ouro para quem gosta de natureza e que procura um local tranquilo
para passar algumas horas.